segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Informe

Amanhã (04/09) haverá, conforme acordado na última reunião do Conselho, encontros com os/a candidatos/a a Reitor/a, na sala 1H235. O cronograma será o seguinte:

15 h – Candidata Rosuita
16 h – Candidato Elmiro
17 h – Candidato Alfredo
18 h – Candidato Guimes

A escolha de um voto deve ser consciente, por isso a presença de todxs é muito importante!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ocupação da Reitoria UFU




ENTENDA EM “BREVE RESUMO” O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO DAS PAUTAS ESTUDANTIS E O QUE NOS LEVOU A OCUPAR A REITORIA

Após três reuniões de negociação do Comando Local de Greve Estudantil (CLGE) com a reitoria, na manhã desta quarta-feira, 29 de agosto de 2012, os estudantes ocuparam o prédio da reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em todas as reuniões, as reivindicações estudantis colo
cadas pelo CLGE foram secundarizadas, em um posicionamento intransigente da administração, que se mostrou totalmente indisposta a apresentar qualquer resolução concreta, o que culminou nesta ação direta.

HISTÓRICO DA NEGOCIAÇÃO

PRIMEIRA REUNIÃO: Ocorrida no dia 24 de Julho e com duração de 5 horas, foram apresentados e defendidos todos os pontos da plataforma de reivindicações estudantil para o reitor e vice-reitor. Desde a deflagração da greve estudantil, que ocorreu cerca de dois meses antes da primeira reunião, a atual administração havia recebido a plataforma protocolada e ainda assim alegou total desconhecimento, demonstrando descaso com as necessidades dos estudantes e colocando pretextos para retardar as negociações.

SEGUNDA REUNIÃO: No dia 06 de agosto, foi apresentado um documento por parte da reitoria, como resposta às reivindicações. O documento responde todos os pontos de forma vaga e sem apresentar nenhum encaminhamento concreto quanto às solicitações. Foram entregues também quatro termos de compromisso com propostas para implementação de transporte intercampi, ampliação e construção de restaurantes universitários, aumento do valor das bolsas e criação de bolsa creche, todos eles sem garantias concretas e alguns condicionados a possibilidades de licitações, estudos futuros ou simplesmente apresentam outra proposta que não contempla a reivindicação dos estudantes. Ou seja, não houveram compromissos, apenas foi reafirmadas as promessas utilizadas na campanha eleitoral para próxima gestão. Ficou evidente, mais uma vez, que a reitoria ignora a pauta estudantil e não leva com seriedade o debate trazido pelo CLGE.

NEGOCIAÇÃO DESMARCADA: Após a segunda reunião, o CLGE montou Grupos de Trabalho para analisar as “propostas” entregues pela reitoria e elaborar um documento de contrapropostas que foram apresentadas e aprovadas em assembleia estudantil, ocorrida em 17 de agosto. Nesse mesmo dia, a reitoria desmarcou a reunião com o CLGE, sem previsão de nova data.

Ainda por telefone, exigimos da administração um documento formal que apresentasse o motivo da indisponibilidade do reitor e a marcação de uma nova data. Houve relutância sem justificativa apresentada, e por fim a reitoria sugeriu o dia 03 de Setembro. Na semana seguinte o CLGE compareceu ao gabinete do reitor protocolando um documento que apontou a insatisfação dos estudantes com a falta de preocupação e compromisso da administração com as demandas estudantis. Conseguimos a antecipação da reunião para o dia 29 de Agosto.

TERCEIRA REUNIÃO: Nessa quarta-feira 29 de agosto, a comissão de negociação compareceu a reunião acompanhada da manifestação de estudantes no saguão da reitoria. Durante a reunião, estavam presentes o reitor em exercício, Professor Darizon Alves de Andrade, o prefeito de campus Renato Alves Pereira e o diretor de assuntos estudantis Edsonei Pereira Parreira.

O tratamento intransigente utilizado nas duas últimas reuniões foi mantido e intensificado pela atual administração, demonstrando mais uma vez que a prioridade, definitivamente, não são os estudantes.

O CLGE iniciou a reunião com a discussão primeiramente dos pontos mais simples, como por exemplo, destrancar a quadra de esportes do campus Umuarama e liberar a saída de estudantes após o horário das 22:30h por qualquer um dos portões existentes nos campi, entretanto, não houve avanço dos pontos uma vez que os representantes da reitoria, logo de início, colocaram a negativa em atender mesmo as questões mais simples e afirmaram claramente que não há possibilidade de atendimento das reivindicações da greve durante o período de campanha eleitoral, da qual participa a atual gestão.
Em menos de duas horas, o reitor em exercício se retirou da mesa de negociação apontando a impossibilidade de negociar com os estudantes.

A REITORIA SENTA, MAS NÃO NEGOCIA!

Decidimos pela ocupação do prédio da reitoria por perceber que o momento que vivenciamos na UFU é de total descaso com as necessidades dos estudantes e de total fechamento da reitoria para o diálogo real com as reivindicações construídas na greve. Nos últimos anos, a atual gestão administrou com intransigência, sem a priorização do debate amplo com a comunidade universitária e sem o mínimo de compromisso com a democratização da universidade e com a garantia de seu caráter público.

Neste dia 29 de agosto de 2012 nós, estudantes da UFU, ocupamos a reitoria porque estamos lutando pela qualidade e democratização da universidade pública, para que condições que garantam o direito a educação pública sejam colocadas como prioridades. Por isso nos manteremos aqui em espera até que a reitoria da UFU apresente aos estudantes em greve propostas concretas que realmente garantam a resolução dos problemas apresentados.

http://comandogreveufu.wordpress.com/


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ANECS pelo fim do massacre do povo indígena brasileiro!


Soy un ser humano
Soy indigena quando oprimen a los indigenas
Soy obrero quando oprimen los obreros
Soy estudiante quando oprimen los estudiantes
Soy Camilista quando maltratan el Pueblo”
Camilo Torres
Diante dos últimos acontecimentos no Mato Grosso do Sul e em vários outros estados do Brasil em relação à questão indígena, a Articulação Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais (ANECS), resolveu escrever essa nota pública:
Há mais de 500 anos os indígenas brasileiros vêm sofrendo uma constante espoliação de suas terras e sendo assassinados. Os indígenas do Mato Grosso do Sul perderam a paciência com o que talvez seja a maior tragédia atual conhecida na questão indígena do mundo. Cansados da cumplicidade do poder público com esta situação, os indígenas Guarani-Kaiowá reunidos em um Aty-Guasu, espécie de conselho político indígena, decidiram retomar todas as áreas indígenas do Mato Grosso do Sul que estão com a homologação suspensa por uma liminar no STF (Supremo Tribunal Federal).
Realizaram assim uma retomada em Paranhos (MS), em uma área onde foi oficialmente reconhecida como indígena em 2009, porém o STF suspendeu a homologação dessa terra. Participaram da ação 200 indígenas, entre eles mulheres e crianças. Houve conflito com homens armados e, segundo os índios, o indígena Eduardo Pires, de aproximadamente 50 anos de idade, estaria desaparecido desde então. A morte de um bebê de nove meses de idade, este foi pisoteado durante fuga dos indígenas dos disparos dos peões, também é considerada pelos guarani e reconhecido pela FUNAI como resultado do ataque ao grupo durante a ocupação. Desde então os fazendeiros do Mato Grosso do Sul declararam guerra aos indígenas, e prometeram muito derramamento de sangue já para essa semana (19 a 24 de agosto de 2012). vejam o vídeo: 
Antes de seguirmos em frente com esse fato, vamos entender um pouco a questão indígena no Mato Grosso do Sul. Esse estado da região centro-oeste, abriga a segunda maior população indígena brasileira (73.295 pessoas), sendo os Guarani- Kaiowá o maior grupo indígena do país (45 mil pessoas). Por outro lado, se encontra uma poderosa elite local fortemente associada ao capital transnacional financiadora do agronegócio. O agronegócio, um dos pilares da economia exportadora brasileira, ocupa boa parte das terras do Mato Grosso do Sul, muitas delas terras indígenas, transformado o estado em um mar de soja, cana de açúcar e pastagens para criação de gado bovino. Devido esse quadro vem se intensificando a situação de conflito entre fazendeiros e indígenas na região.
Porém, o movimento guarani-kaiowá pela recuperação das terras não surgiu agora, este é bem anterior, surge na virada dos anos 1980, no bojo da redemocratização. Ao longo das quatro décadas anteriores, os indígenas haviam visto seu território ser ocupado progressivamente por milhares de colonos vindos de vários cantos do País, com incentivo oficial, tanto do governo federal quanto do estado de Mato Grosso (a criação do Mato Grosso do Sul aconteceu em 1979). Nos anos 1970, intensificou-se o processo de expulsão das centenas de grupos locais para dentro de oito reservas indígenas que haviam sido demarcadas entre 1915 e 1928 pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI, substituído em 1968 pela Funai). No fim de 2007, a Funai assina, junto ao MPF, e com o testemunho das lideranças da Aty Guasu, um Compromisso de Ajuste de Conduta para resolver de uma vez por todas a situação das terras guarani-kaiowá. Uma estimativa inicial dos antropólogos envolvidos é de 600 mil hectares a serem identificados. Diante da demora nos processos de identificação, os guarani-kaiowá vem ocupando as terras reivindicadas para pressionar as autoridades. O resultado tem sido uma série de conflitos sangrentos, desde 2009. Sem uma ação mais contundente do poder público, mais problemas certamente continuarão a ocorrer.
Os números da violência contra os povos indígenas no Mato Grosso do Sul são assustadores. Em relatório anual publicado pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário), vemos que os assassinatos de indígenas no Mato Grosso do Sul são maiores do que os assassinatos de indígenas em todos os outros estados brasileiros. Durante os últimos governos (2003-2011) foram assassinados 503 indígenas no Brasil, e apenas no estado do Mato Grosso do Sul foram assassinados 279 indígenas, em porcentagem isso equivale a 55% do número nacional. Uma verdadeira situação de guerra, na qual morrem mais indivíduos assassinados no Mato Grosso do Sul do que em países em estado de guerra, como é o caso do Iraque. Enquanto no Iraque há 93 assassinatos para cada 100 mil pessoas, apenas na região de Dourados (MS) há 145 assassinatos para cada 100 mil pessoas. Este quadro do CIMI, faz uma comparação entre os assassinatos dos indígenas brasileiros e do Mato Grosso do Sul, anualmente:
 Existe uma omissão e morosidade por parte do Governo no que tange as homologações de terras índigenas. Se fomos fazer uma comparação das demarcações de terras por gestão presidencial, os Governos Lula e Dilma mostram os piores índices desde a redemocratização do país. Vejamos os dados do CIMI:
Diante deste quadro estarrecedor de violência ao povo indígena e de omissão e morosidade do governo diante das homologações de terras, da saúde indígena (morrem centenas de indígenas devido ao desassistência da saúde pública, desnutrição, mortalidade infantil..), dos suicídios (só entre os Guarani Kaiowá de 2001 a 2011 houve 555 suicídios), da violência sexual, do racismo e discriminação étnico culturais, dos atropelamentos de índigenas que estão acampados na beiras de estradas e dos próprios assassinatos, o CIMI e a ANECS consideram culpados os 3 poderes (executivo, legislativo e judiciário) de crimes contra os direitos humanos e culpados pela tragédia que nossos indígenas vem sofrendo.
Nós da Articulação Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais (ANECS), decidimos no XXVII Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais (ENECS) que aconteceu em julho de 2012 em Santa Maria-RS, que nossa principal bandeira geral seria a de remoções e despejos de populações urbanas e rurais. Entre as populações rurais, como vimos, os indígenas são os que mais sofrem com estas remoções devido a expansão do agronegócio e de grandes obras de matriz energéticas (vide Belo Monte), sendo na maioria das vezes expulsos de suas terras e durante os conflitos com os fazendeiros e com os próprios agentes do estado, assassinados.
Os estudantes de Ciências Sociais de todo Brasil não irão se calar diante de toda barbaridade que vem acontecendo com a população indígena no Brasil e principalmente no Mato Grosso do Sul. Portanto viemos a público denunciar toda a matança, todo o derramamento de sangue, todo esse genocídio que vem ocorrendo com os indígenas no Brasil. E para avançar na resolução desses problemas, no que os indígenas chamam de “bem viver”, a ANECS defende:
1 – Que seja homologada todas as terras indígenas no Brasil reconhecidas como tal.
2 – Que o governo brasileiro impeça o massacre anunciado no Mato Grosso do Sul que tende acontecer nos próximos dias. E que todos fazendeiros envolvidos sejam punidos.
3 – Abaixo a PEC 115! O objetivo da PEC 215 é levar para o Congresso Nacional a função de demarcação e homologação de terras indígenas, quilombolas e de áreas de conservação ambiental, que conforme a Constituição Federal são atribuições do Poder Executivo
4 – Pela Revogação da Portaria 303 da AGU. A Portaria 303 determina, entre outras medidas, que as terras indígenas podem ser ocupadas por unidades, postos e demais intervenções militares, malhas viárias, empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos povos indígenas, quilombolas…
ANECS- Articulação nacional de estudantes de Ciências Sociais
Vidas atropeladas
À beira da estrada,
Na retomada,
No confinamento,
As vidas sofridas
De Kaiowá Guarani,
Vão sendo atropeladas,
Abreviadas,
Ceifadas!
É o caminho da cruz,
Do sofrimento,
Da luta,
Da esperança,
Da terra sem males!
(Egon Heck – Indígena do Povo Guarani e do Movimento Pela Vida, Terra e Futuro)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Informações sobre a greve

Gostaríamos de informar que devido a conjuntura de greve estudantil, o CACIS se dissolveu em Núcleo do Comando de Greve Estudantil do curso de Ciências Sociais. A partir de agora as reuniões tratarão principalmente de pautas relacionadas a greve, mantendo seu caráter ampliado a tod@s @s estudantes de Ciências Sociais e constantemente, o Núcleo utilizará dos veículos de comunicação do CACIS para dar repasses a respeito da greve. As reuniões ocorrerão todas as terças-feiras às 10h no CA.

Atividades que serão realizadas pelo Comando de Greve nos próximos dias:

14/06 – Assembleia Estudantil da UFU – 17h00min | Local: Anfiteatro 5O-E, Campus Sta. Mônica.


18/06 – 1ª reunião do Comando Nacional de Greve dos Estudantes no Rio de Janeiro (Cúpula dos Povos).

20/06 – Marcha Nacional da Cúpula dos Povos com um bloco de servidores e estudantes em greve.

26/06 – Aula Aberta: Greve – desafios e perspectivas para a UFU | 17h00min | Anfiteatro 5O-A

As reuniões do Comando de Greve acontecem todas as segundas e quintas-feiras, às 14h na sede do DCE. Convidamos a tod@s para participar dessa construção, a qual será de grande importância para nossa formação política e para podermos pensar junt@s tudo aquilo que vem ocorrendo com a educação pública de nosso país, colocando nossas pautas e reinvindicações, planejando e fazendo intervenções.

Link com a Plataforma de Reinvindicações Estudantis: https://docs.google.com/document/d/18odhYoHQ8HjmHJix8KSxAikjzrtOlSfYQtWYIvgxYO0/edit?pli=1

Manifesto da plenária feita pelos comandos locais de greve em Brasília:


Site do Comando de Greve Estudantil UFU:

http://comandogreveufu.wordpress.com/

Email do Comando:

comandodegreveufu@gmail.com

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Edital PIBID

Pessoal, aí vai o link do edital para o PIBID. As inscrições vão do dia 04/06 ao dia 06/06. http://www.pibid.prograd.ufu.br/node/454

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nota informativa: Relato sobre a situação da ocupação na região do shopping park – Uberlândia


Cerca de 500 famílias ocupam as casas do programa habitacional da Caixa Econômica Federal, que, seja por motivação intencional ou incompetência, não foram entregues aos moradores aos quais se destinava há 4 meses, encontrando-se, assim, em condição de deterioração. Do grupo de ocupantes foi expedida uma ordem de despejo de 200 famílias para o dia 24/04, mesmo com as negociações iniciadas na semana anterior.
Um recurso jurídico chamado “agravo” – que consiste no pedido de revisão da decisão pelo próprio juiz ou por outro – foi montado para impedir o despejo e encaminhado ao órgão competente em Brasília-DF, baseando-se no argumento da não utilização das casas e a condição de pobreza das ocupantes.
Sabe-se bem que nestes casos o processo jurídico é apenas uma parte da questão, o principal é a pressão política, por parte de apoiadores da sociedade civil e de movimentos sociais, mas principalmente da luta dos próprios moradores.
Enquanto o advogado Igino Marcos (CPT – Comissão Pastoral da Terra) continua preparando o recurso ao despejo e apoiando juridicamente essas famílias, outros apoiadores (CPT) e moradores se preparam para mais lutas.

I – Situação Material:

Ao conviver com nesse meio rapidamente observamos que se trata de um grupo de trabalhadores próximos ao chamado “lupemproletariado”; onde sua renda atinge no máximo 700 reais mensais dentre cerca de 5% de seus integrantes, mais da metade ganha entre 1 salário mínimo (650) e 400 reais e o restante menos do que isso, em sua maioria sem carteira assinada e trabalho irregular.
A motivação para o ato de ocupação é clara: impossibilidade de pagar aluguel – muito menos em comprar ou financiar uma casa – com tal salário, numa cidade de grande especulação imobiliária onde o aluguel de uma casa pequena e longe da região central não é menos de 250 reais – o que a maioria expressou ter pago anteriormente. Depreendo a primeira questão: como pode uma família com a renda de 400 reais pagar aluguel e ainda comer?
Está claro que um grupo social exposto a salários baixos, trabalhos de meio período, subemprego, “bicos” e até desempregados, tomem tal medida desesperada de ocupar uma casa vazia. Um deles afirma: “Tive que ocupar, como vou pagar 270 reais de aluguel se recebo 400 no trabalho de servente de pedreiro? Tenho mulher grávida e um filho para criar”. Qualquer um que ouvisse suas histórias se arrepiaria pela miséria e violência a qual foram expostos antes de chegar a tal lugar e tomar tal decisão.

II – Organização e relações sociais:

De um lado o movimento não tem lideranças, nem princípios constituídos nem organização hierárquica; se revezam em pequenos grupos de trabalho e as informações ficam a cargo do apoio de militantes apoiadores. Talvez este fato seja importante para explicar o espetáculo de democracia direta e solidariedade inigualável que se pode observar em suas reuniões.
As ciências sociais ainda não lhes focam com a importância científica nem a cidade de Uberlândia lhe reconhece importância política, mas isto é um grande erro, perde-se a oportunidade de entender tal cultura urbana, tal complexidade, suas próximas ações prometem constranger posturas políticas “apáticas” presentes na cidade.
Do ponto de vista das relações sociais, leia-se sociabilidade, entre os componentes da ocupação enganam-se aqueles que apresentam uma visão de que em um contexto com dificuldades materiais necessariamente encontramos tristeza e incapacidade. A quem participar de suas reuniões organizativas pode observar crianças brincando, mulheres entoando cantos evangélicos, homens rindo das piadas contadas. Esta é a convivência de um lugar ao mesmo tempo pobre e extremamente diverso.

III – Situação política:

O autor clássico Engels ao falar da origem dos movimentos sociais operários em “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra” lança a tese de que o movimento operário teria três fases: 1) resistências individuais (como o crime); 2) criação de associações de auxilio mútuo (solidariedade de classe); 3) movimento com conteúdo e organização política (movimento reivindicativo).
Observamos que o grupo em questão apresenta nível de organização com elementos que oscilam entre os três estágios de forma concomitante: suas decisões são motivadas pela necessidade material de uma moradia própria; solidariedade dos ocupantes para com aquelas famílias de ocupantes que não conseguem seu sustento básico – ou até participação nas demandas do movimento, como cadastro; se organizam para lutar por seus direitos, comparecendo, por exemplo, em frente á Caixa Econômica Federal para pressionar as autoridades sobre suas necessidade e reivindicações, e etc.
Elementos aparentemente contraditórios são combinados: uma religiosidade forte com uma objetividade também marcante, em suas falas sempre afirmam acerca de Deus mas nunca se esquecem de falar da necessidade da luta, entendem sua condição e que dela podem sair somente pela luta, mas incorporam a esperança na ajuda divina a este discurso – Deus e Luta são vocábulos comuns em suas falas.
A cidade de coronéis que é esta Uberlândia também lhes coloca seus limites políticos: seria de esperar que pelo menos algum político de esquerda apoiasse a causa, no entanto, estão abandonados por estes políticos que em ano de eleição não podem se sujar. De um lado Fellipe Atiê, pretenso candidato a prefeito, se aproximou apenas de algumas famílias, não para ajudar, mas para montar uma base de apoio – afinal não se apresentou a todo o grupo – de outro lado Gilmar Machado, seu concorrente, não quer auxiliar os ocupantes porque apresentam base de apoio de Felipe Atiê. Até o momento o movimento recebe apoio apenas de 4 militantes contrários a estas tendências de polarização para as eleições (CPT, Sindicato dos Correios e Coletivo estudantil DialogAção).
Apesar desta tragédia uma dupla condição se formou: pelo descaso dos políticos “coronelistas” são condicionados em direção à auto-organização; criam o mais belo espetáculo de democracia direta, sincera e comprometida, capaz de ser paciente com as diferenças entre seus companheiros e resolver a situação de forma coletiva – algo que jamais pude observar desde o congresso nacional da república do Brasil até nas assembleias do movimento estudantil.
Ao mesmo tempo em que episódios enfraquecem o movimento, como a ação da prefeitura que busca criar dissidências internas, processos contrários fortalecem sua luta; empurra-os para uma solidariedade entre seus membros e clareza de quem são seus amigos e quem são seus inimigos.
Por fim aquele grupo de lutadores legítimos precisa de ajuda dos diversos movimentos sociais, e esta é nossa tarefa, nos aproximarmos, ajudar em sua organização, apoiar sua luta, sempre respeitando suas vontades e seus métodos.

“Quando morar é um privilégio ocupar é um direito”

Fernando H. S. Araújo – Membro do Coletivo Estudantil Dialogação, Campo Debate Socialista (PSOL), Centro Acadêmico de Ciências Sociais – UFU (gestão Interagir) – 23/04/2012

domingo, 29 de abril de 2012

Setorial de Mulheres do CACIS UFU

A questão das mulheres e sua inserção na sociedade é delicada desde os mais remotos tempos. Sabemos que a mulher conquistou diversos direitos em sua luta feminista – desde o direito ao voto até o direito a inserção no mercado de trabalho – mas isso não significa que tenha conseguido conquistar sua emancipação plena na sociedade. Somos permead@s por um discurso de igualdade entre homens e mulheres, mas esse discurso é em boa parte uma ilusão. As mulheres ainda são oprimidas, todos os dias, de diversas formas: física, psicológica e moralmente.

Em vários momentos surge nas rodas de conversa algum assunto relacionado à pauta feminista. Alguns defendem que quando uma mulher usa uma roupa que deixa o corpo mais à mostra, de forma julgada vulgar, está se degradando. Porém, a degradação humana vem de onde? Do gosto por se vestir de determinada maneira, ou dos olhos, que vêem no corpo d@ outr@ algo a ser mostrado, escolhido e degustado? É preciso lembrar que em decorrência de diversos fatores históricos o corpo humano, principalmente o feminino, vem sendo desnaturalizado e subjugado.

É por esses e outros motivos que entendemos que a organização das mulheres é de extrema importância para o combate a essas práticas machistas que estão enraizadas em nossa sociedade. Pensando nisso, nós, mulheres do Centro Acadêmico de Ciências Sociais, começamos a nos reunir para construir um setorial de mulheres que formule sobre essas questões e articule as meninas do nosso curso em torno da luta feminista. Assim, convidamos a todas para virem e participar de nossa primeira reunião quinta-feira, 03 de Maio, às 11:30hrs na sede do Centro Acadêmico, onde organizaremos um calendário de leituras, discussões e intervenções públicas.

"Nada causa mais horror à ordem do que MULHERES que LUTAM e que SONHAM"
[José Marti]